De tudo quanto Winner havia vivido nas últimas 48 horas, restava agora apenas o delicado colorido de uma água-viva após ser arrancada da água e atirada na areia. Winner não era advogado criminalista, mas sabia que casos de homicídio de gente rica são sempre uma charada. ''Todo mundo mente para você, quando você tenta entender a coisa'', Winner pensava. Ele começou a montar o quebra-cabeça sem dispor de muitas peças, com paciência, abandono, depois de ter entrado em contato com os principais atores. Gravou a maior parte das conversas que teve com eles na memória. Transcreveu uma parte e ficou lendo e relendo os trechos de diálogo como se fosse uma novela policial. Com base naquelas cópias textuais, Winner fez resumos, para diminuir os ''ruídos''. Nesses momentos, Winner esquecia-se por completo do caráter ''festejado'' de sua ''fama'' , e agia como um bom detetive qualquer, golpeando a questão de forma rápida e regular. ''Se eu fosse um político ou coisa parecida'', Winner pensava ''Jamais seria esquecido, mas sou um escritor, e de um sujeito com essa profissão espera-se qualquer coisa ''. Winner lembrou-se, de repente, e de forma involuntária, que quando alguma mulher o acusava de ser um sociopata incontrolável, ele se limitava a responder : ''Um pouco de rodeio às vezes ajuda ''.
K.M.
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