domingo, 14 de maio de 2017

SER ou NÃO-SER...


Em A Ética Romântica e o Espírito do Consumismo Moderno , Campbell  usa a crítica a Max Weber como plataforma para analisar o costume do consumo.  Em sua opinião, Weber  viu ''a ética protestante e o espírito do capitalismo '' com ''UM OLHO SÓ '', razão pela qual o tipo sociológico do PRODUTOR-POUPADOR RACIONAL  ensombreceu o do  COMPRADOR SENTIMENTAL. No cerne do argumento ,  estão dois fatos definidos como incontroversos. O primeiro é a origem histórica do costume.  Nos século XVII e XVIII ,diz ele , o grosso da atividade industrial  não visava à fabricação de bens de capital  , como se poderia pensar , mas à de bens supérfluos, como ''BRINQUEDOS, BOTÕES , ALFINETES , CADARÇOS , ESPELHOS , BROCHES,  CARTAS DE BARALHO , QUITES QUIROMÂNTICOS, BONECAS, PALITOS COLORIDOS, etc  todos itens rotulados pelos políticos  (de então ) como FRIVOLIDADES.  O segundo está relacionado a esta constatação . O mercado consumidor desses bens era formado  por pessoas de ''renda mediana'' , por uma ''burguesia nascente que consistia em artesãos, comerciantes , agricultores de mais recursos, engenheiros e funcionários públicos '' e que, na sua maioria , eram puritanos. A dissonância em relação à tese weberiana é flagrante.  A imagem emblemática do asceta protestante está associada à do PRODUTOR-ACUMULADOR e de forma alguma à do PERDULÁRIO MEDÍOCRE E IMPULSIVO.  Como , então, compreender as causas da explosão do CONSUMISMO no mundo???

Perguntem aos britânicos. Foram eles , desde o começo , que se dividiram em seitas que divergiam quanto ao papel do prazer na vida moral.  Ao lado dos protestantes weberianos , havia ainda os mais indulgentes, para os quais o risco do pecado nao estava no prazer em si, mas nas frivolidades sensuais anestesiantes.  O prazer das emoções ''benevolentes'' e até das ''seduções '' era admissível , e mesmo louvável . É justamente onde se detém o estudo de Campbell, na evolução dessa forma de ascese --- O SENTIMENTALISMO .

O indivíduo , segundo esta doutrina ,  não podia conhecer , por meios racionais , quais ações garantiriam a salvação da alma.  Os humanos eram incapazes de decifraram os enigmas divinos. Mas se as razões  divinas eram inescrutáveis , o mesmo não ocorria com os sinais da Graça . O DOM DA GRAÇA  poderia ser decifrado por meio de sinais perceptíveis à experiência subjetiva , como o caráter e os bons sentimentos. Desse modo, ''o que  se ERA ou o que se SENTIA '' era um índice de salvação mais confiável  do que aquilo que ''se FAZIA ''. 

SER BOM CONTAVA MAIS QUE FAZER O BEM .

K.M,

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