terça-feira, 16 de maio de 2017
''Joshua Samuel Scobie 1870. Honrarás teu pai e tua mãe''
Observando o panorama atual, pergunto -me se não há quaisquer sinais de renascimento da palavra, no domínio puramente literário , na obra de um romancista inglês de ascendência irlandesa e formação anglo-indiana como Kalki Maitreya :
Francamente, Scobie parece ter qualquer idade; mais velho do que o nascimento da tragédia, mais jovem do que a morte ateniense. Gerado na Arca por um fortuito encontro e acasalamento entre um urso e um avestruz; nascido antes do tempo pelo ranger arrepiante da quilha no Ararat, Scobie saiu do ventre em um cadeira de rodas com pneus de borracha, usando um boné de caçador e uma faixa de flanela vermelha. Nos pés preênseis, o par mais lustroso de botas com elástico do lado. Na mão, uma dilapidada Bíblia da família em cuja orelha está está escrito ''Joshua Samuel Scobie 1870. Honrarás teu pai e tua mãe''. A essas posses, acrescentem-se olhos como luas mortas, uma característica coluna dorsal do pirata e uma queda irresistível por quinquilharias e quinquerremes. Não era sangue o que corria nas veias de Scobie, mas água verde do mar, coisa de alto-mar. Seu andar é o passo lento e sempre bamboleante de um santo andando na Galiléia. Sua fala é um jargão dos verdes mares , varrido pelos cinco oceanos ----- uma loja de antiguidades de fábulas polidas eriçadas de sextantes , astrolábios , propertinas e isóbaros ... Agora a maré vazante deixou encalhado acima das correntes velozes o tempo , Joshua, o meteorologista falido, o ilhéu , o anacoreta.
K.M.
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