segunda-feira, 15 de maio de 2017

LONGA JORNADA NOITE ADENTRO.


A linguagem procura vingar-se daqueles que a mutilam . Um exemplo bem claro é sem dúvida nenhuma o de Eugenie O´Neill  ----- um dramaturgo dedicado , de maneira sombria e até comovente, à PRÁTICA DE ESCREVER MAL. Dispersas no pântano miasmático da LONGA JORNADA NOITE ADENTRO estão passagens de Swinburne.  As falas são de uma verbosidade romântica e exuberante . Têm por objetivo ressaltar a precariedade adolescente daqueles que as recitam . Mas , na verdade  , durante a encenação da peça, ocorre o contrário . A energia  o brilho da linguagem de Swinburne abrem um buraco no tecido circundante. Elevam a ação acima de seu nível torpe e ao invés de exporem a personagem acabam expondo o dramaturgo. Os autores modernos raramente fazem citações dos mestres com impunidade . No entanto,em meio ao repúdio ou à fuga geral em relação à palavra na literatura, registraram-se inúmeras e brilhantes ações de retaguarda. Citarei apenas alguns exemplos, limitando-me (por uma questão de piedade para com as leitoras ) à língua inglesa. Sem dúvida, o contra- ataque mais exuberante jamais lançado por um escritor moderno contra a redução da língua foi , como dissêmos, a de Joyce.

K.M.

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