domingo, 14 de maio de 2017
Civilizado de modo a ter um nome.
No minucioso esquadrinhamento que Richard Sennet fez dos cenários econômico e social do século XIX , Sennet chega a conclusões opostas à de Campbell, ou seja , satisfação é compatível com consumo. m ''O declínio do homem público'' (1978) , ele analisa o surgimento da ''tirania da intimidade '' nos século XVIII e XIX , que se prolongou no psicologismo do século XX. Com argumentos semelhantes aos de Hannah Arendt, Sennet diz que a renúncia à civilidade formal ao longo do Ancién Régime, em prol das relações psicológicas pretensamente espontâneas, pouco acrescentou à harmonia do convívio humano. A antiga etiqueta do decoro e da distância era, efetivamente, impessoal e artificial para os padrões afetivos atuais. Tinha, contudo , a vantagem de dizer o quê era e deveria ser um ''indivíduo civilizado'' . Ser civilizado significava comportar-se de modo a ter um nome , uma linhagem , uma reputação na boa sociedade. O modelo de direção moral de si era razoavelmente explícito ; ter uma identidade aprovada era aparentar uma conduta exemplar, segundo o bem viver da nobreza. O ser emocional e o agir social não estavam um para o outro como o ator para o personagem ou a verdade para o fingimento. Sentimentos, desejos e quaisquer estados mentais idiossincráticos deviam se submeter às normas da civilidade coletiva. O Ethos psicologizante foi anunciado como uma lufada de ar fresco em meio à estereotipia sufocante desses maneirismos de corte, mas resultou em uma nova prisão.
K.M.
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