ARREPENDIMENTO.

Sem dúvida um redemoinho de boas notícias bem editadas após um distúrbio de ansiedade pode até vir a instilar uma espécie de ''otimismo brando '' nos indivíduos, mas aqui não gostamos muito deste tipo de covardia para com nossos próprios atos; não nos devemos abandonar a nós mesmos sob o peso de uma vergonha ou de uma aflição inesperadas. Será melhor que a substituamos por uma altivez extrema. Para que servirá , afinal de contas ??? Arrepender-se de uma ação não é anulá-la, e tampouco não se desvanece quando 'perdoada'' ou ''expiada'' ou ''punida'' . Seria necessário ser muito teólogo para acreditar numa potência capaz de destruir a culpa. Todas as ações, de qualquer espécie que sejam, são de idêntico valor em suas fundamentos; semelhantemente, os atos que se voltam contra nós podem ser , por isso mesmo , úteis sob o aspecto econômico, e desejáveis para o bem público. Em certos casos particulares , afirmamos a nós mesmos que uma ação poderia ter sido facilmente evitada ---- somente as circunstâncias não teriam já percorrido toda a escala da ilegalidade ? ... Eis porque não se deve dizer : ''Eu não deveria ter feito tal coisa '', mas apenas : ''Como é estranho que não se tenha realizado isso cem vezes ?'' --- Afinal de contas, bem poucos atos existem que sejam típicos e apresentam uma verdadeira súmula do indivíduo ; e, a considerar quão pouco a maior parte das pessoas são ''individualidades '', perceber-se-á quão raramente um homem é caracterizado por este ou aquele ato particular. Vemos muitas ações ditadas pelas circunstâncias que ficam às vezes ''à flor da pele'' , movimentos reflexos que que resultam da descarga de um estímulo ; produzem-se normalmente antes que a profundidade de nosso ser seja atingida, antes que tenhamo-nos nos interrogado a esse respeito . O ato traz muitas vezes uma espécie de torpor e e de constrangimento, de modo que o culpado está como que fascinado pela recordação e pela sensação embriagadora de ser SOMENTE O ATRIBUTO de seu ato. Essa perturbação intelectual é , sem dúvida , uma espécie de hipnotização, que é preciso combater (de fato ) antes de tudo.
K.M.
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