Existe um tipo de pensamento e análise que agrega à previsão de baixo crescimento global uma tentativa de explicá-lo . O crescimento seguiria sendo pequeno por culpa das políticas deflacionárias aplicadas pelos países desenvolvidos. O problema com essa opção, é que para se alcançar maior crescimento através dela, é necessário trabalhar com a utopia de uma coordenação macroeconômica mundial com a afirmação inconteste de uma supremacia , como foi a dos Estados Unidos no pós Segunda Guerra. O delírio liberal , que desde os anos 1970 veio buscando equacionar relações de poder, de Estado e de projetos nacionais para se obter uma maior coordenação macroeconômica global, tornou-se em nossos dias um complexo problema de flutuação. Um problema de projeto europeu , de projeto asiático e de projeto americano cada vez mais difícil de serem compatibilizados , ainda quando se tenta esconder isso com argumentos econômicos. A idéia dos filiados à Teoria da Estabilidade Hegemônica é de que o ritmo da economia só se acelera quando há a supremacia de alguém . O modelo paradigmático seriam os Estados Unidos e Bretton Woods, quando a América tinha 50% do controle da produção mundial , controle da tecnologia, da moeda , das armas, de tudo . Uma situação menos forte seria a inglesa, a supremacia da moeda inequívoca, e, portanto , uma articulação e regras mais claras e constantes para dirimir conflitos . Com o imbroglio que agora se armou no comércio mundial , qualquer solução passará antes pelo plano político, antes de passar pelo econômico. O consenso liberal pode estar sendo diluído mesmo que não se inverta a política econômica deflacionária dominante... ainda assim, se a economia crescesse um pouco mais, alguns problemas deixariam de existir. Mas a Utopia Liberal em si só seria possível a partir de uma decisão política das grandes potências através de uma coordenação de governos e Bancos Centrais em torno de uma política global de de crescimento , o que vem se tornando uma idéia cada vez mais longínqua. Muitos países tem concentrado algumas esperanças na preparação da conferência ministerial de Buenos Aires , onde deve ser negociado um acordo internacional. Mas até lá já haverá um novo desenho no mapa das convergências --- não puramente econômicas ---- dos interesses nacionais. Japão, Europa, China e Estados Unidos.
K.M.
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