Que Nietzsche pense a arte como potência metafísica original, é algo que sempre encheu as velhas tias caducas do esoterismo moderno de inveja e complexo de inferioridade; e que todo o pensamento nietzscheano seja, nesse sentido, pensamento da arte , e não da velha tradição metafísica intelectualmente morta do Ocidente, esse fragmento do verão-outono de 1881 o prova : ''Nós queremos ter sempre de novo a esperança de uma obra de arte (!) Assim devemos plasmar a vida de modo a nutrir esse desejo por cada uma de suas partes (!) Esta é a idéia principal (!) Somente no fim será então enunciada a teoria da repetição de tudo o que existiu : uma vez que tenha sido inculcada a tendência para criar algo que possa florir cem vezes melhor sob o sol dessa teoria ''. E somente porque pensa a arte nessa dimensão original, Nietzsche pode dizer que ''a arte tem mais valor que a verdade '' e que ''nós temos a arte para afundar frente à verdade'' . Super-homem e homem da arte são a mesma coisa : o homem que aceita sua própria vontade, a vontade de potência como traço fundamental de tudo o que é e quer a si mesmo a partir dessa vontade ;a hora da ''sombra mais curta'' , em que se abole a diferença entre mundo verdadeiro e mundo das aparências, é também o deslumbrante ''olimpo das aparências'', do mundo da arte . A esfera áurea bem perfeita. Eterna autogeração da vontade e potência. Como tal , ela se destaca tanto da atividade do artista quanto da sensibilidade do espectador para se colocar como traço fundamental do devir universal. Um outro fragmento dos anos 1886 afirma : ''A obra de arte, onde ela aparece sem artista, por exemplo , como corpo , como organismo , como instituição, povo ou governo ... em que medida o artista não é senão uma grande preliminar. O mundo como obra de arte que gera a si mesma ''.
K.M.
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