Bloom mantém sua individualidade no Ulisses. Como Ulisses, embora sem sua reconhecida fama, ele é um homem digno. Joyce não o exalta, mas torna-o um homem especial. Aldous Huxley dizia que Joyce costumava insistir em uma etimologia ''do século XIII'' da forma grega do nome Ulisses, Odisseu ; uma combinação de Outis --- ninguém, Zeus ---- deus. Etimologia apenas fantasiosa, mas que controlada ajudava a reforçar o retrato de Joyce do Ulisses moderno . Bloom é ninguém, Nada. Um angariador de anúncios que, além de sua casa, não tem efeitos no mundo ao seu redor ---- mas há deus nele. O desejo que Joyce tem de que Bloom seja respeitado encoraja-o a dar-lhe o poder, que ele próprio tem, de infundir singularidade às coisas comuns. O monólogo de Bloom é uma poesia contínua. cheia de frases de extraordinária intensidade. No primeiro capítulo em que ele aparece, sua mente vaga para pensamentos do Oriente ; ele se imagina num cenário rimbaudiano, e diz para si mesmo : ''Ela chama seus filhos numa linguagem obscura ''. Ou quando ele pensa no mercado de gado onde um dia trabalhou : ''Aquelas manhãs no mercado de gado ... '' ou quando ele pensa na Palestina : '' Uma terra estéril , nua devastada. Lago vulcânico, o mar morto ; sem peixes, sem plantas, cavado fundo na terra. Nenhum vento conseguiria erguer aquela onda, metal cinza, água venenosa,. Enxofre disseram chovendo : as cidades da planura: Sodoma, Gomorra, Edom... produziram a mais antiga , a primeira raça. ''. Pode-se supor que isso é Joyce falando por Bloom, e não a maneira do personagem pensar, que, assim como os ajudantes de cozinha em Shakespeare falam como poetas, todo mundo faz isso em Joyce . Mas não é assim.
K.M.
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