domingo, 26 de fevereiro de 2017

A Mão Invisível do Mercado, de Adam Smith.



No livro Teoria dos Sentimentos Morais, Adam Smith examina a natureza humana individual . A obra se dedica às duas questões centrais da ética : O que é a virtude ??  e Por qual meio se dá que uma mente prefira uma norma de conduta a outra ?? Para sintetizar a longa e por vezes tortuosa argumentação de Smith : dentro de cada indivíduo há um ''homem interior '' , que age como ''espectador imparcial '' de todas as suas ações. É-nos possível ignorar sua condenação (ou aprovação ) de nossas ações . Podemos resistir à sua censura, mas não podemos evitar ouvir sua voz.  A teoria de Adam Smith explica a voz da consciência, o sentimento interior espontâneo de culpa que experimentamos quando fazemos algo que, ao mesmo tempo , sabemos que desaprovamos . Isso explica o caráter contraditório de nossa natureza, quando parece haver dois elementos distintos lutando dentro de nós. Smith mostrou como podemos ser esmagados pelo remorso, mesmo quando nenhum agente externo nos condena. O quadro que Smith traçou do ''homem interior '' é não só engenhoso como estranhamente presciente. Não é difícil ver aqui o fantasma do Super-ego de Freud , com sua contenção socializante de nossos instintos, que ainda demoraria uma século para ser formulado. Embora não fosse uma obra de economia, é em Teoria dos Sentimentos Morais que Adam Smith introduz a idéia que lhe assegurou a imortalidade intelectual e econômica. Vale a pena citar a passagem extensamente:

''... o proprietário de terras orgulhoso e insensível vê seus extensos campos e, em um pensamento para as necessidades de seus irmãos, consome na imaginação toda a colheita que cresce à custa deles .... A capacidade de seu estômago não tem proporção alguma com a imensidão de seus desejos, e não receberá mais do que o do mais humilde camponês. O resto ele é obrigado a distribuir entre aqueles que preparam , da maneira mais saborosa, aquele pouco de que ele próprio faz uso .. Os ricos apenas escolhem do monte o que é mais precioso e agradável . Eles consomem pouco mais que os pobres, e apesar de seu egoísmo e rapacidade natural , embora pensem em sua própria conveniência, embora o único fim que propõem a partir da labuta de todos os milharesque empregam seja  a gratificação de seus próprios desejos vãos e insaciáveis , dividem com seus pobres o produto de todos os seus melhoramentos. São conduzidos por uma mão invisível a fazer quase a mesma distribuição em porções iguais  entre todos os habitantes e assim, sem o perceber , sem o saber , promovem o interesse da sociedade''


Adam Smith


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