domingo, 9 de abril de 2017

TRADIÇÕES REPUBLICANAS.

Especialmente a diferenciação entre política e religião não teve nos Estados Unidos, o que de resto  explica a peculiaridade da religião civil americana, a característica comum em outros países ocidentais de uma ''libertação '' da política em relação à autoridade religiosa. Ao contrário , apesar do pluralismo religioso das denominações, a religião se mantém como pano de fundo geral da própria constituição  da comunidade política.  Religião, nesse sentido , seria uma espécie de instância última de sentido da existência humana, e o modelo de ação social prevalecente nessa esfera, marcada pela liberdade e pluralismo religioso, se transporia para outras esferas sociais, cujas imperfeições deveriam sr reparadas segundo o modelo da intervenção ativa no mundo, de acordo com a concepção protestante do ascetismo intra-mundano . O argumento de (por exemplo ) Munch , é que essa é ainda hoje a situação da sociedade norte-americana. Em vez da racionalização de todas as esferas da vida de acordo com as leis estruturais de sua própria positividade específica, ou seja, em vez da subsunção dessas esferas ao contexto racional-estratégico, teríamos tido a continuidade histórica da cultura normativa unitária que fez nascer o Ocidente. Munch discorda da tese da transformação do puritanismo em utilitarismo e racionalismo estratégico nos EStados Unidos, , como Weber defende em sua etnografia da vida comunitária americana do começo do século XIX . É que a tese da entronização da razão instrumental implica um contexto normativamente livre , estimulando o comportamento individual  com estímulos empíricos externos à consciência individual e funcionando com a regra de ouro do sucesso  e do fracasso como definido por cada esfera de valor específica. Especialmente na sua aplicação ao caso concreto norte-americano, esse raciocínio weberiano encontra grande resistência crítica.. A singularidade norte-americana residiria, para seus críticos, nesse ponto particular, precisamente na permanência do componente valorativo e normativo ''paralelamente '' à eficácia da reprodução social de cada esfera segundo sua lógica específica. Essa é, certamente, também a posição de Robert Bellah . Embora boa parte de sua argumentação crítica dirija-se precisamente à constatação do ''esquecimento '' da tradição normativa que historicamente deu vitalidade à experiência americana, ele não tem dúvidas da permanência e força dessa cultura normativa no seu país. Para Munch, por sua vez , é exatamente essa interpenetração normativa singular da sociedade norte-americana entre suas várias esferas sociais o que, em comparação com as sociedades européias, , singulariza a experiência norte-americana . Os primórdios dessa especificidade estariam no tema básico para a cultura norte-americana da ''dominação '' e do ''cultivo da selva ''  . A íntima vinculação desse tema com adiscussão weberiana da especificidade do racionalismo ocidental como sendo marcado pelo motivo da ''DOMINAÇÃO DO MUNDO ''  certamente não passa despercebida à leitora atenta. Isso implica compreender a singularidade ocidental como algo realizado, sem obstáculos ou compromissos com outras tradições apenas nos Estados Unidos. Quase como se a realidade concreta norte-americana refletisse o tipo ideal abstrato do racionalismo protestante ascético . E efetivamente , o tema da DOMINAÇÃO DO MUNDO , ou da ''dominação da selva '' , foi apalavra de ordem tanto para a colonização bem-sucedida da costa leste quanto da costa oeste séculos depois. É importante observar que a dominação do mundo não se refere apenas à realidade objetiva à nossa volta. Ela inclui tbm as dimensões da vida social e da vida subjetiva interior . Assim ,''selva '' deve ser entendida em sentido amplo, envolvendo todas as dimensões da racionalidade e do agir humano .Selva refere-se tanto à dominação da natureza hostil  como ao controle das emoções internas e dos instintos anti-sociais. É precisamente esse aspecto  totalizador que leva Weber a defini-la como um ''racionalismo '' peculiar . Existe aqui um quadro de referência para a atuação individual que envolve todas as dimensões da vida segundo um princípio único. Essa característica responde tbm pelo grau singular de reflexividade na vida institucional norte-americana. As instituições sociais não são vistas como resultado do costume  e da tradição , mas como criação consciente e racional dos homens de acordo com os princípios racionais. É precisamente esse grau de consciência e de reflexividade único que já esta espelhado no sermão de John Winthrop e que fundamentaria, daí por diante, a validade universal da experiência norte-americana. O alto grau de reflexividade institucional , desde seus inícios, possibilita uma dinâmica da crítica e renovação da vida institucional prática e concreta  precisamente pela possibilidade da crítica de uma prática atual julgada desviante a partir de um idéia original que a constitui . Para Munch , a existência de uma tradição crítica e reflexiva como resultado da singular experiência histórica e normativa americana  seria, nesse sentido , o que teria permitido o predomínio, até hoje , da versão universalista sobre a interpretação particularista dessa cultura normativa. Mesmo quando reduzida temporariamente a uma posição minoritária, como nos exemplos do Mccarthismo ou da Moral Majority sob a presidência de Ronald Reagan , a interpretação universalista pode sempre apelar para uma tradição reconhecida por todos como legítima . Esse fato testemunha que o consenso valorativo básico que caracteriza a interpretação universalista da cultura normativa americana logrou penetrar todas as classes e grupos sociais.  Robert Bellah, apesar de compartilhar  com Munch o mesmo pressuposto da singularidade da cultura normativa americana, desenvolve uma análise mais cética e mais matizada do excepcionalismo norte-americano .Para Bellah , a interpretação da reificação não-normativa da sociedade não-americana não é simplesmente um ''engano '' , como parece ser para MUnch . Ao contrário, essa tradição teria raízes sólidas na realidade norte-americana  pelo menos desde o século XVIII. Essa última tradição é chamada por ele no seu The Broken Covenant de TRADIÇÃO HOBBESIANA . A tradição hobbesiana se define por uma complexa relação de atração e repulsa em relação à tradição bíblica e comunitária original . Nela o individualismo se desenraíza da noção de bem e de Deus e,  portanto , da noção de responsabilidade coletiva como princípio-guia da ação individual, radicalizando-se em auto-interesse apenas. Benjamin Franklin seria, como tbm já havia percebido Weber , a figura emblemática dessa tradição. Essas duas tradições, a da virtude cívica e do interesse próprio, chegam a um embate decisivo  na geração dos fundadores da nova República de 1776. Na época, a maioria então escolheu a virtude cívica como o fundamento da República norte-americana. Mas o conflito entre essas duas tradições é visto por Bellah como perpassando toda a história americana até nossos dias.  No projeto coletivo intitulado HAbits of The Heart, um interessante exemplo de mistura  bem temperada entre trabalho empírico e reflexão , esse conflito desempenha o papel principal. No contexto de um sociedade pós-industrial como os EStados Unidos da segunda metade do século XX , a tradição hobbesiana do individualismo utilitário logrou ganhar proeminência sobre a tradição cívica comunitária inicial . Nesse sentido, o individualismo utilitário e expressivo seria a ''primeira linguagem americana ''. Por primeira linguagem deve-se entender a auto-percepção dos americanos sendo expressa em termos individualistas utilitários ou expressivos. Essa predominância fica clara nos tipos ideais de norte-americanos característicos construídos a partir das entrevistas empíricas. Neles percebe-se a estranha união entre autonomia e conformismo, que parece ser o resultado da ausência de parâmetros substanciais que não sejam o consumo material como definição máxima da vida bem-sucedida. Por outro lado , a percepção da relação de dependência recíproca entre comunidades de memória (passado ) e esperança (futuro ) e a vida individual , a qual tbm todo americano conhece, seria, hoje em dia, a ''segunda linguagem norte-americana ''. Essa segunda linguagem , apesar de presente , apresenta a característica de ser inarticulável pela maior parte dos indivíduos. É esse ''esquecimento '' da virtude republicana clássica da sociedade norte-americana que motiva a crítica comunitarista  de Bellah e sua equipe à sociedade americana atual . A idéia central que guia esse tipo de exercício crítico  é a noção de que apenas por meio da relação com os outros e da adesão a fins sociais ou comunitários mais largos que as necessidades individuais imediatas pode-se dar sentido  à vida individual . Seguindo a filosofia de Alasdayr MacIntyre nesse particular, Bellah percebe que, deixado a si mesmo, o indivíduo é guiado apenas pelos seus desejos e sentimentos momentâneos, carecendo de princípios que poderiam fornecer as bases de uma condução da vida, na qual os princípios da ação fossem conscientes e refletidos . O resultado, no caso dessa primeira linguagem não ser revitalizada pelo diálogo com a segunda, seria a confirmação do vaticíno de Tocqueville : ''conformismo na vida pública e preponderância dos interesses econômicos na vida privada. Mas Bellah é tbm perfeitamente consciente de que esse estado não retrata toda a vida norte-americana moderna . Existe ainda muita energia crítica e inconformismo na vida norte-americana, após oito anos de Obama, de modo a permitir a continuidade dialética entre essas duas tradições.

20 comentários:

  1. ''Os povos guardam sempre as marcas de sua origem ''. Essa frase de Tocqueville resume de forma modelar o tema da especificidade da experiência social americana. Não foram motivos de pobreza ou desesperança que motivaram o povoamento da Nova Inglaterra, mas a vontade de pessoas de boa condição social de fazerem triunfar uma idéia religiosamente motivada

    K.M.

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  2. As marcas dessa origem peculiar, de início com maior penetração nas colônias britânicas ao norte do Hudson m devem-se a um princípio de organização social que não obedeceu exatamente a uma tradição, mas a princípios novos os quais deviam fidelidade a Deus. Assim , ao contrário de todas as outras nações, onde a organização política obedeceu às necessidades da tradição impostas pelos estratos superiores da sociedade e incompletamente assimiladas pelas classes inferiores, nos Estados Unidos tivemos a supremacia da comuna, o nível local , em relação ao condado e ao EStado. E na comuna imperavam normas de uma democracia direta envolvendo , tendencialmente, a TODOS.

    k.m.

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  3. o ESPÍRITO DE RELIGIÃO E O ESPIRITO DE LIBERDADE. Os fundadores da Nova Inglaterra eram ardentes sectários religiosos, mais livres de todo preconceito político. No mundo moral, tudo estava previsto e rigidamente definido ; no mundo político profano, por outro lado, procurava-se bem-estar e liberdade e tudo era agitado e passível de crítica. Para um autor como Tocqueville esses dois princípios se completavam perfeitamente : a religião veria na liberdade civil um campo entregue pelo Criador aos esforços da inteligência e da habilidade humanas; a liberdade pública teria na religião o pano de fundo de hábitos e costumes compartilhados com base na qual um consenso básico seria possível.

    K.M.

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  4. O tema da excepcionalidade do desenvolvimento norte-americano nunca deixou de atrair a curiosidade dos teóricos sociais, desde os tempos de Tocqueville. Robert Bellah, por exemplo, desenvolveu um programa de pesquisas de várias décadas, tanto na dimensão teórica quanto na empírica, mantendo como instituição básica o desenvolvimento societário americano a partir do ideário ético-religioso que marcou a fundação das duas comunidades da Nova Inglaterra.

    K.M.

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  5. DEsde a publicação do seu CIVIL RELIGION IN AMERICA , em 1967 , Bellah procurou interpretar os mitos religiosamente motivados da fundação da nação americana de modo a compreender o sentido e os motivos da especificidade dessa experiência histórica coletiva. Fundamental no projeto foi sua própria definição do que é um MITO . A função do mito, para Bellah , não ''descritiva '' ; o mito seria antes um TRANSFIGURAÇÃO DA REALIDADE de modo a provê-la de sentido moral e espiritual para indivíduos e sociedades. Nesse sentido , o mito americano da origem é especialmente importante nos esquemas teóricos de Bellah , assim como havia sido para Tocqueville bem antes, na medida em que o estudo comparativo das religiões demonstra que ''o ponto de começo dos povos revela muito de seus próprias AUTOCONCEPÇÕES BÁSICAS ..

    k.m.

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  6. A bíblia era o único livro que literatos ou políticos americanos podiam esperar que fosse bem conhecido por seus compatriotas dos séculos XVII ao XIX . O imaginário bíblico era, dessa forma, o melhor provedor de imagens e idéias do projeto coletivo americano . O conjunto de conexões e analogias constantemente reinterpretadas segundo motivos bíblicos tradicionais já era uma tradição tao forte nos séculos XVIII e XIX, quando o racionalismo esclarecido passa a ser influente tbm nos Estados Unidos, que sua força peculiar passa a funcionar como uma cultura ou ideologia popular de referência obrigatória para qualquer político ou poeta que quisesse ser compreendido por todos.

    K.M.

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  7. Esse mito americano original tem um documento onde todos esses elementos estão reunidos : trata-se do discurso de John Winthrop no seu UM MODELO DE CARIDADE CRISTÃ . Esse sermão foi lido pelo primeiro líder da colônia da baía de Massachussets ainda a bordo, antes mesmo de desembarcar nas novas terras.

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  8. ''DESTE MODO SE SITUA O ASSUNTO ENTRE NÓS E DEUS. NÓS NOS DECIDIMOS A ENTRAR EM CONTATO COM ELE PARA FAZER ESSE TRABALHO , NÓS ASSUMIMOS UM COMPROMISSO, DEUS NOS DEIXOU LIVRES PARA ASSUMIR ARTIGOS ESCRITOS POR NÓS , NÓS NOS DECIDIMOS A ACEITAR ESSA EMPREITADA DE MODO A REALIZAR TAIS E QUAIS OBJETIVOS, NÓS ESTAMOS AQUI ESPERANDO SERMOS ABENÇOADOS PELO SEU FAVOR . AGORA, SE DEUS QUISER NOS ABENÇOAR NOS OUVINDO E NOS LEVANDO EM PAZ PARA OUTRO LUGAR DE NOSSO DESEJO , ENTÃO ELE RATIFICOU DE SUA PARTE O CONTRATO , CONFIRMOU NOSSAS OBRIGAÇÕES E IRÁ EXIGIR OBSERVAÇÃO ESTRITA DOS ARTIGOS AQUI CONTIDOS . mAS SE NÓS NEGLIGENCIARMOS O CUMPRIMENTO DOS ARTIGOS COM OS QUAIS NÓS NOS COMPROMETEMOS E ENGANAR O NOSSO DEUS, EM NOME DAS COISAS DESSE MUNDO , PERSEGUINDO NOSSAS INTENÇÕES CARNAIS PARA NOSSO PRÓPRIA GLÓRIA E POSTERIDADE, DEUS CO CERTEZA DIRIGIRÁ SUA FÚRIA CONTRA NÓS , E SE VINGARÁ DE UM POVO PERJÚRIO, FAZENDO COM QUE SAIBAMOS O PREÇO DA QUEBRA DE UM JURAMENTO DESSE TIPO ''.

    JOHN WINTROP

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  9. Como sociólogo das religiões, Robert Bellah não deixou escapar as semelhanças do CONTRATO (covenant) dos primeiros peregrinos com seu Deus em relação ao CONTRATO (berith) dos judeus com Jeová.

    K.M

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  10. Todo sermão tem a forma deuteronômica da mistura entre benção e condenação . Seu centro é a concepção de um contrato coletivo entre a nova comunidade e Deus na forma do contrato judaico clássico com Jeová. Esse contrato havia sido de fato assinado por todos os participantes da empreitada antes da viagem, em Cambridge , Inglaterra.Esse ''agreement'' continha já em semente toda a concepção da vinculação íntima entre comunidade política e motivação religiosa que marcaria a singularidade histórica e cultural da nova nação.

    K.M.

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  11. Há ainda uma espécie de contraposição entre essa concepção de Wintrop e outra, católica e de fundo agostiniano. Em Wintrop não existem a separação e a desconfiança em relação à ordem política e secular as quais se observam nos escritos de Agostinho. Ao contrário, todo contrato é baseado na esperança de combinar caridade cristã com virtude cívica, Foi essa concepção de ''religião civil '' que os reformadores puritanos trouxeram para o s Estados Unidos, concepção essa apenas intensificada pelas expectativas milenaristas de então.

    K.M.

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  12. A conversão íntima e pessoal era pensada como inseparável do contrato externo com Deus. Para Bellah, é precisamente a combinação desses dois elementos ---- uma forma coletiva de base religiosa e uma substância individual, na medida em que o discurso é dirigido à consciência individual de cada um ,sendo seu potencial de convencimento, portanto, privado ---- que confere a especificidade do CONTRATO SOCIAL americano. Esse ponto é fundamental na medida em que o indivíduo que tem de se sentir motivado a cumprir o contrato.

    K.M.

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  13. Assim é possível separar a interpretação de Tocqueville da de Bellah. Para o Prof. Robert Bellah , Tocqueville percebe a importância do elemento religioso para a vida pública americana, mas a imagina como dogma e não como revitalização da dialética entre conversão individual e contrato coletivo, como experiência pessoal pessoal imediata e intensa. O elemento revitalizador é (no entanto ) fundamental para a percepção do impacto continuado e permanente do contrato social americano. Por conta disso, o Prof. Bellah confere uma importância singular aos grandes movimentos religiosos revitalizadores americanos como os dois GREAT AWEKENINGS , os quais tomaram o país de assalto em épocas distintas... o primeiro deles... (continuo)

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  14. O primeiro deles, que ocorreu nos anos quarenta do século XVIII,foi dirigido à conversão individual é é visto por Bellah como preparação para a independência e o nascimento da República.

    K.M

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  15. O segundo, nas primeiras décadas do século seguinte, objetivava antes a reforma institucional que a conversão individual e teria sido um antecessor importante do movimento abolicionista norte-americano.

    K.M.

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  16. Este comentário foi removido pelo autor.

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  17. Embora a crença religiosa seja percebida como assunto de deliberação privada , existem ,ao mesmo tempo , elementos comuns de orientação religiosa e ética que a imensa maioria dos norte-americanos compartilham . É esse conjunto de crenças comuns , subjacente a todas as esferas sociais, ate mesmo à esfera política, que o Prof. Bellah chama de RELIGIÃO CIVIL

    k.m.

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  18. A continuidade através dos séculos das mesmas imagens bíblicas usadas por Wintrop, que comparava a travessia do Atlântico à travessia do Mar Vermelho pelos judeus fugitivos do Egito, séculos depois será Thomas Jefferson quem dirá :

    ''A EUROPA É O EGITO; A AMÉRICA, A TERRA PROMETIDA. DEUS CONDUZIU SEU POVO DE MODO A CONSTITUIR UMA NOVA FORMA DE ORDEM SOCIAL, A QUAL DEVE SER UMA LUZ PARA TODAS AS NAÇÕES ''.

    k.m.

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  19. Para concluir, vale ressaltar que decisivo para a compreensão da noção de ''Religião Civil '' é perceber sua ''divisão do trabalho '' com as igrejas e denominações da dinâmica vida religiosa norte-americana. Num contexto de liberdade religiosa como o norte-americano , um amplo raio de ação foi deixado às igrejas e seitas. Mas nem as igrejas poderiam controlar o EStado, nem, por sua vez , deviam deixar-se controlar por este. A religião civil forma-se SELETIVAMENTE de motivos cristãos e judaicos genéricos, mas não se confunde com nenhuma religião em particular. Ela se refere precisamente àquele NÚCLEO VALORATIVO DA CULTURA NORMATIVA NORTE-AMERICANA que é compartilhado pela imensa maioria da nação como patrimônio comum.

    K.M.

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  20. Post Scriptum:

    A RELIGÃO CIVIL é o melhor exemplo de interpenetração entre as diversas esferas sociais criando uma cultura normativa comum enquanto característica da modernidade ocidental . A peculiaridade norte-americana, e daí seu lugar de destaque na cultura ocidental desde o início, é precisamente a singular interpenetração entre as esferas religiosa, política, econômica e cultural, propiciando a criação de uma cultura unitária, apesar de pluralista , sem paralelo no Ocidente.

    K.M.

    FIM

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