terça-feira, 11 de abril de 2017

RECONHECIMENTO SOCIAL

A configuração política das últimas décadas tem apresentado novos desafios à reflexão de observadores e estudiosos. Especialmente a parte relativa de importância das contradições de classe que marcaram o último século de conquistas democratas se mostra como um desafio à reflexão crítica nas sociedades avançadas do Ocidente. Nesse contexto de rápidas transformações, uma perspectiva teórica (não um ''saber convencional '') tem logrado galvanizar a atenção dos pesquisadores de diversas áreas como uma opção promissora para a auto-compreensão de aspectos importantes da situação atual. A proposição da categoria de RECONHECIMENTO SOCIAL como uma noção fundamental para a reflexão das novas contradições do presente. Na obra de Charles Taylor e Axel Honneth, o resgate da categoria de RECONHECIMENTO como a categoria central da política moderna remete a uma intenção de recuperar a herança tradicional de Hegel, segundo um registro não-metafísico e aberto à investigação. A necessidade de supor um contexto normativo preexistente como dado primário e original para a prática social, econômica e política e , portanto, de uma concepção ''dialógica '' da formação das identidades pessoais ou jurídicas. 

K.M.

5 comentários:

  1. O conceito de reconhecimento era central no projeto do jovem Hegel ,de estabelecer uma medição entre a doutrina daliberdade moderna e a tradição do pensamento político da Antiguidade ---- em Aristóteles que enfatizava o componente comunitário da questão ética. O jovem Hegel procura construir essa mediação na medida em que inverte o modelo hobbesiano e maquiaveliano da luta social compreendida apartir da perspectiva que enfatiza a autopreservação material, em favor de uma concepção que parte das motivações morais como dado fundamental. Maquiavel foi o primeiro a perceber a AUTONOMIZAÇÃO das esferas política e econômica, no alvorecer da modernidade, em relação ao contexto normativo anterior, especialmente o ode fundo religioso ou medieval, não devendo mais a política ser percebida nas bases classes de ''comportamento virtuoso''.

    K.M.

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  2. Também pela primeira vez com Maquiavel temos a definição da esfera da ação social ou comunicativa como espaço de reivindicações materiais e inter-subjetivas. O que era ainda meramente descritivo e intuitivo em Maquiavel se torna um projeto analítico e ambicioso em Hobbes de descobrir as ''leis da vida burguesa ''.

    K.M.

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  3. Hobbes consegue seu desiderato ao interpretar os homens usando os já disponíveis recursos da ciência natural da época, como autômatos que andam por si só, ainda que dotados de capacidade extraordinária de se importar com seu próprio bem-estar futuro e auto-preservação.. É precisamente este comportamento antecipatório que faz com que o homem, ao deparar-se com outro, perceba seu interesse em autoproteção e a pretensão mútua de aumento de poder relativo.

    K.M.

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  4. A singularidade do esforço filosófico e político do jovem Hegel não é apenas sua crítica àtendência d se reduzir o comportamento social a imperativos de poder baseados em ações estratégicas e instrumentais, mas, antes de tudo, e principalmente, o fato de ele ter usado o próprio modelo hobbesiano da existência de uma luta genérica dos homens entre si par construir sua crítica. Sua nova compreensão da sociedade moderna exigia a superação da concepção atomista que estava na base de toda a tradição da modernidade. O próprio conceito de ETICIDADE foi escolhido pelo filósofo para expressar o conjunto de inclinações práticas intersubjetivas existentes, para além tanto do ordenamento positivo estatal como das convicções morais individuais.

    K.M.

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  5. O argumento de Hegel é construído de tal forma que a dinâmica do reconhecimento mútuo obedece a um desenvolvimento espiral em que, acada nova forma de reconhecimento social, o indivíduo aprende a conhecer e a realizar novas dimensões de sua própria identidade, seja social , politica ou econômica. É precisamente a lógica desse reconhecimento progressivo que estimula ao processo dialético em busca de reconhecimento, sendo o próprio núcleo desse processo o movimento no qual conflito e reconciliação se condicionam mutuamente.

    K.M.

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