A hegemonia no sistema inter-estatal refere-se à situação em que a rivalidade permanente entre as chamadas ''grande potências '' é tão desequilibrada, que uma potência é realmente ''primus inter pares '', ou seja, uma potência pode impor suas regras e desejos na arena econômica, política, militar, diplomática e até cultural. A base material desse poder reside na capacidade de as empresas domiciliadas nessa potência atuarem de maneira mais eficiente em todos os três grandes campos econômicos ---- produção agro-industrial , comércio e finanças; Tão grande é a diferença de eficiência de que estamos falando, que essas empresas podem não apenas sobrepujar as empresas domiciliadas em outras grandes potências do mercado mundial em geral , como tbm , especificamente e em inúmeros casos, nos mercados internos das próprias potências rivais '' (Wallerstein ). Qualquer hegemonia é efeito de longos períodos de ''expansão competitiva '' . Primeiro a nação hegemônica busca sua margem decisiva de superioridade, sobretudo na produção , depois no comércio e ,por fim, nas finanças. Os ciclos hegemônicos de Wallerstein, por sinal ---- parafraseando o elogia de Ruggie à teoria sistêmica de Waltz ---- ''é um antídoto bem vindo ao superficialismo vigente na literatura que prolifera sobre a transformação internacional, na qual os simples impulsos dos processos empurra a sociedade internacional para o encontro seguinte com o destino '' (idem ). Mas talvez Wallerstein seja vulnerável à mesma crítica que Ruggie faz a Waltz, a de que torna exógena a fonte última da mudança sistêmica. Os complexos particulares de órgãos governamentais e empresariais tornam-se hegemônicos no decorrer das expansões competitivas em virtude da eficiência de suas ações, comparadas às de todos os outros complexos rivais. Mas os atos relativamente eficientes são um mero reflexo das propriedades estruturais do sistema capitalista mundial, no qual não tem nenhum impacto. Todos eles são mais produtos do que produtivos.
K.M.
Se ate que ponto os processos de nível unitário --- como a formação de determinados complexos de órgãos governamentais e empresariais e sua ação ---- simplesmente cumprem um roteiro ditado por propriedades de nível sistêmico, ou se eles mesmos escrevem esse roteiro e com isso formam e transformam o sistema, é uma questão que, em última análise, só pode ser decidida no plano empírico-histórico . Foi com base nisso que considerei falho o modelo de Wallerstein . Minha pesquisa revela claramente que a ascensão das nações hegemônicas no mundo moderno não foi um mero reflexo de propriedades sistêmicas. As propriedades sistêmicas agem de fato como forças coercitivas e ordenadoras na escolha dos Estados que se tornam hegemônicos. Em todos os casos, a hegemonia tbm implicou uma reorganização fundamental do sistema e uma mudança de suas propriedades.
ResponderExcluirK.M.