Contrariando as previsões de Hilferding , esse tipo de estrutura empresarial surgida nos Estados Unidos ---- em vez do capitalismo monopolista de Estado ao estilo alemão ---- tornou-se a base efetiva de um novo estágio do capitalismo em escala mundial. A ascensão do capitalismo de corporações norte-americano à posição de dominação mundial foi um aspecto do processo de transformação da competição intercapitalista, tal como teorizada por Hilferding. Em particular, o governo e o empresariado norte-americanos foram , desde o começo, vanguardas do movimento protecionista que acabou destruindo o sistema britânico de mercado mundial, e que levou o capitalismo mundial a se retirar nos ''iglus'' de suas economias nacionais e seus impérios associados. A imensa elevação das tarifas norte-americanas, durante a guerra civil , foi seguida por novos aumentos, em 1883, 1890, 1894 e 1897. Embora pequenas reduções tenham sido introduzidas pelo Presidente Wilson em 1913 , elas só foram toleradas pelo Congresso enquanto a guerra reduziu a concorrência das importações estrangeiras e estimulou as exportações americanas. Tão logo terminou a guerra e surgiram os primeiros indicadores de uma recessão, a tradição protecionista norte-americana foi retomada a pleno vapor . Grandes aumentos tarifários foram aprovados no início da década de 1920 , em respostas às adversidades comerciais, prenunciando a astronômica tarifa de Smoot-Hawley de 1930 . Além disso, como teorizou tbm Hilferding , o protecionismo norte-americano desse período transformou , cada vez mais, num modo de compensar o dumping nas exportações com lucros extras em casa e, acima de tudo, de negociar, a partir de uma posição de força , a abertura dos mercados externos ----- acima de tudo, os mercados latino -americanos ---- às exportações e investimentos dos Estados Unidos. Ao contrário das generalizações de Hilferding, o capital financeiro norte-americano não desempenhou papel algum no incentivo ao protecionismo do país. A comunidade financeira, em particular , pregou sistematicamente as virtudes do livre-comércio e fez tudo o que estava ao seu alcance para induzir o governo norte-americano a se opor à destruição do mercado mundial, assumindo a liderança e a responsabilidade por essa bandeira. ''O mundo tornou-se tão interdependente em sua vida econômica , que as medidas adotas por uma nação afetam a prosperidade de outras '', escreveu um banqueiro de Wall Street e ex-sub-secretário de Estado , Norman Davis, às vésperas do de 1929 . ''As unidades da economia mundial '' , acrescentou '' devem trabalhar juntas , ou apodrecer separadamente '' (citado em Frieden )
K.M.
Nos ideais e na prática (portanto ) o capital financeiro norte-americano manteve-se até o fim em defesa do sistema do mercado mundial britânico, e nunca se tornou agente de superação desse sistema, como afirma Hilferding . O agente principal e dominante dessa superação não foi o capitalismo financeiro como tal, em nenhuma de suas variantes, mas o capitalismo de corporações que emergiu nos Estados Unidos através da formação de empresas com diversas unidades, dotadas de integração vertical e administração burocrática.Uma vez que essas empresas se consolidaram no espaço econômico amplo , diversificado, auto-suficiente, dinâmico e bem protegido que o Estado norte-americano abrangia, elas passaram a desfrutar de vantagens competitivas decisivas na economia mundial como um todo , tanto em relação ao capitalismo de mercado de estilo britânico quanto ao capitalismo de corporações de estilo alemão. Como um conjunto nacional, as empresas norte-americanas combinaram as vantagens da extensa divisão ''técnica dotrabalho (economias internas )com as vantagens da divisão social do trabalho (economias externas ), em grau muito maior do que as empresas britânicas de uma só unidade ou as empresas alemãs horizontalmente integradas.
ResponderExcluirK.M.
O espaço econômico abrangido pela Alemanha Imperial não era suficientemente grande para permitir que as empresas alemãs compensassem as maiores economias externas desfrutadas pelas firma britânicas com maiores economias internas. Mas o espaço econômico abarcado pelos Estados Unidos permitiu que as empresas norte-americanas realizassem uma síntese extremamente eficaz das vantagens do planejamento e da regulação mercantil. Ao se expandirem transnacionalmente, assim que concluíram sua integração continental doméstica, as corporações norte-americanas transformaram-se num punhado de ''cavalos de Tróia '' nos mercados internos de outros países, mobilizando recursos externos e poder aquisitivo m prol de sua própria expansão burocrática . Assim , o capital das corporações norte-americanas beneficiou-se, de duas maneiras inter-relacionadas e mutuamente reforçadadoras, do movimento protecionista que estava dilacerando o mercado mundial britânico.
ResponderExcluirK.M.