Deixem-me confessar logo : a minha leitura do passado europeu não é convencional , não está provada e está cheia de lacunas. Em sua maioria, os estudiosos dos estados europeus têm evitado , prudentemente, produzir sínteses de mil anos. Aqueles que deram o salto , de modo geral , ou têm procurado explicar o que era diferente acerca do conjunto do Ocidente , ou têm proposto uma única trajetória-padrão de formação de estado , ou ambas as coisas. Usualmente tem procedido de maneira retrospectiva, preferindo buscar as origens dos estados que hoje conhecemos como a Alemanha ou a Espanha e ignorar os estados que desapareceram ao longo do caminho a tentar mapear a gama inteira de formação do estado.
Quando afirmo a existência de múltiplas trajetórias em função da relativa facilidade com que o capital e a coerção se concentraram, quando atesto uma forte interdependência entre a forma de um estado e seu acesso anterior ao capital e quando procuro seguir mais uma análise prospectiva que retrospectiva das transformações na estrutura do estado, é que estou abandonando os caminhos firmes do academicismo estéril estabelecido em favor de uma aventura no repensar o passado .Além disso , ao discutir mil anos em pouco mais de 200 páginas, não posso esperar mais do que identificar algumas relações importantes e ilustrar como elas atuaram.
Do livro : COERÇÃO, CAPITAL E ESTADOS EUROPEUS, de Charles Tilly.
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