Em uma das ''Considerações Inamistosas '' recolhidas por R. Musil no volume Nachlass zu Lebzeiten (que traduziríamos jocosamente por Obras Póstumas publicadas em Vida) , ele tinha se colocado a pergunta (igualmente jocosa) : ''Se o K. , acrescido de uma e depois de duas dimensões, não havia se tornado ainda mais insuportável e cada vez menos K. , e , procurando, através de um curioso, quiçá hermético cálculo matemático , descobrir a relação entre o K. e a Arte , chegando a indefectível conclusão de que os dois eram exatamente a mesma coisa . Depois que o juízo estético nos ensinou a distinguir a Arte de sua Sombra e a autenticidade da inautenticidade, nossa experiência começou a nos colocar , porém , frente à embaraçosa verdade segundo à qual é exatamente à Sombra da Arte que devemos hoje as nossas mais originais emoções estéticas. Ora.. quem não conheceu ao menos uma vez, frente ao K. , uma sensação prazerosa e libertadora , afirmando - --- contra toda sugestão do seu gosto crítico ---- : Este objeto é esteticamente feio e, todavia , me apraz , me excita e me comove profundamente '' (?) , Dir-se-ia que toda a vasta zona do mundo externo e da nossa sensibilidade que o juízo crítico jogara no limbo da Sombra da Arte começou a adquirir consciência da própria necessidade e da própria função dialética e, rebelando-se da tirania do ''bom gosto '' , se apresentou exigindo seus direitos.
K.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário